2014 é ano eleitoral e Fernanda Musardo fala sobre cuidados a serem tomados com relação às informações que serão postadas nas redes sociais, sobre os candidatos, na matéria "Post sobre zoológico abre temporada de polêmicas em ano eleitoral". Confira a matéria na íntegra:
Post sobre zoológico abre temporada de polêmicas em ano eleitoral
Juristas afirmam que características da internet facilitam a transformação instantânea de uma opinião isolada em uma batalha política
2014 mal começou e já há sinais de que o ano eleitoral será de alta temperatura nas redes sociais. O primeiro imbróglio envolveu uma postagem polêmica na rede social Facebook. No post, que foi compartilhado mais de oito mil vezes, a autora afirma que o Jardim Zoológico de Curitiba estaria abandonado pelo poder público municipal e que faltaria, inclusive, comida para os animais. Os funcionários do Zoológico – escreveu a autora – teriam tido de fazer uma vaquinha para comprar carne para o leão.
A prefeitura desmentiu a informação, afirmando que nunca houve falta de alimentos, medicamento ou qualquer descuido com os bichos. Em reunião envolvendo as secretarias de Meio Ambiente, de Comunicação Social, o Departamento Jurídico e o Gabinete do prefeito Gustavo Fruet, decidiu-se notificar a autora judicialmente como forma de exemplo. “Se nós deixarmos que esse tipo de irresponsabilidade continue, vai virar um caos”, declarou à Gazeta do Povo o diretor de Mídias Sociais e Internet da prefeitura, Marcos Giovanella.
Depois de denunciar a suposta falta de comida do leão, a autora do post negou intenções políticas e afirmou ter baseado o texto em relatos de funcionários da instituição. Porém, segundo o entendimento da prefeitura, o post teria sido utilizado e compartilhado por páginas ligadas a grupos políticos que “publicariam informações sem ter certeza da veracidade”, de acordo com o diretor de Mídias Sociais da prefeitura.O anúncio acirrou ainda mais os ânimos nas redes sociais e a decisão da prefeitura passou a ser discutida abertamente na rede por políticos, secretários municipais e assessores da prefeitura e do governo do estado.
Para especialistas, as características da rede facilitam, em casos como esse, a transformação instantânea de uma opinião isolada em uma batalha política. “A internet tem duas características que, combinadas, são muito complicadas. Na rede, existe um acirramento das ideias e das opiniões. As pessoas escrevem coisas na internet que não diriam em um ambiente social. Além disso, há um alto potencial de disseminação. Então um post que era para ser destinado a amigos pode ser compartilhado milhares de vezes rapidamente”, diz o advogado e pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Luiz Fernando Moncau.
Para o advogado e especialista em contratos eletrônicos Caio Lima, casos como o do post do Zoológico de Curitiba reproduzem no mundo virtual o embate jurídico entre liberdade de expressão e direitos de personalidade (como honra, imagem e privacidade). Por isso, diz ele, o diálogo pode ser um bom caminho. “Penso que é preciso esgotar todas as vias extrajudiciais antes de buscar resolver o conflito no Judiciário. Não dá para judicializar qualquer post na internet.”
Minirreforma flexibiliza manifestações na rede
A internet já foi elemento importante nas eleições de 2010 e de 2012 e, com a aprovação da minirreforma eleitoral, as manifestações pessoais de preferência política nas redes sociais estão liberadas em 2014. “Isso pode gerar um debate político muito mais pertinente, mas também tem o lado ruim. Vão aumentar as postagens distorcidas, fora do contexto, apócrifas com ataques direcionados a candidatos X e Y”, diz a consultora digital e especialista em mídias sociais Fernanda Musardo. Segundo ela, o cidadão precisa estar atento ao que é compartilhado. “Já vi muita frase ser tirada do contexto e associada a certos candidatos. É importante checar informações, buscar dados oficiais dos Poderes Legislativo, Judiciário e de ONGs. A internet oferece muitas ferramentas boas de consulta política.”
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